O dia 25 de janeiro de 2019 não sairá mais da lembrança de todo mineiro. Em Brumadinho, a barragem da mina de Córrego do Feijão rompeu, e uma onda de mais de 11 milhões de rejeitos matou 270 pessoas em Brumadinho, 11 pessoas ainda estão desaparecidas.
Passaram-se 20 meses e uma ação movida pelo governo do estado, Defensoria Pública e Ministério Público, pede ressarcimento por perdas tributárias, destruição de infraestrutura e danos morais coletivos. A ação pede 54 bi, a Vale fez proposta, em reunião no último dia 17, de 16 bi e o Governo de Minas quer encontrar um meio termo para fugir de um processo judicial arrastado. Em entrevista à revista Isto É, Joceli Andreoli, coordenador Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) afirmou que o governo declara que não aceitou o acordo, mas a tendência era a de que aceitaria não fosse a pressão que sofreu sobre o assunto.
O relator da Comissão Externa da Câmara dos Deputados, que acompanha a negociação entre a mineradora Vale e o Governo de Minas para o pagamento de indenizações às vítimas da tragédia de Brumadinho, deputado Rogério Correia (PT) se reuniu nessa sexta-feira (27) com a procuradora-chefe do Ministério Público Federal de Minas Gerais, Silmara Cristina Goulart, e com o procurador Eduardo Henrique Soares para debater os rumos da negociação.
Correia relatou a preocupação do colegiado pela falta de transparência no acordo, pela exclusão dos atingidos e pelas tentativas da Vale em diminuir a indenização. “É um absurdo uma empresa como a Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, ficar pechinchando depois de dois crimes que cometeu, a Justiça devia ser célere nisso”, disse o parlamentar a Agência da Câmara.

O jornalista Gustavo Cícero, 22 anos, nascido e criado em Brumadinho, participou do podcast Porque Hoje é Sábado e comentou o assunto. “Eu sou da cidade. Perdi um primo, perdi amigos. Estamos falando de uma empresa que deixou mais de 200 funcionários dela morrerem. É uma situação inaceitável”, lembra. Cícero reforça a estranheza em ver governo mineiro tentando negociar esse valor. “Se pegar tudo que a Vale já lucrou em Brumadinho, em toda Minas Gerais, essa indenização não faz nem cócegas na empresa. É mais do que obrigação dela”, completa.
Para o jornalista, que é repórter de rádio em Belo Horizonte e editor do portal Mais Moeda, o Estado é ausente no município. “A gente não vê o governador em Brumadinho, conversando com o prefeito, com a população. Ele está querendo dinheiro para Minas e esquecendo o povo de Brumadinho.”, desabafou.

O fato é que o dinheiro da indenização da mineradora já está nos planos do Governo de Minas. Entre os propostas, está a construção, com os recursos, de um rodoanel, ligando Brumadinho a Sabará. A Vale por sua vez, pagou em todo esse período apenas R$ 4 bilhões em indenizações, incluindo o auxílio emergencial aos atingidos, menos 10% do valor pedido na ação. A informação é da assessoria de comunicação da mineradora.
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